
Luís Henrique Pellanda é um dos principais cronistas do Centro de Curitiba. O escritor nasceu em 1973 e foi criado no Capão Raso, mas frequenta a região central desde pequeno por ter estudado por ali. Já formado, trabalhou nos jornais Gazeta do Povo e Primeira Hora – ambos na região da Praça Carlos Gomes.
Seus últimos livros traziam crônicas que se passavam boa parte delas no Centro, onde mora e trabalha.
Neste sábado, Pellanda lança seu 10º livro, desta vez com outra temática.
Esta tarde no Passeio Público, Pellanda falou a respeito a’O CENTRO. Confira:
– Você chega a seu 10º livro, e a crônica dá lugar ao conto. O que o leitor encontrará em “O Caçador Chegou Tarde”?
– Uma mudança de foco. Se antes eu escrevia principalmente a partir das minhas caminhadas pelo Centro, a pandemia e o isolamento me forçaram a encontrar um novo palco para minhas histórias. Saem a cidade e as cenas externas, abertas; entram o claustro, o mundo interior, os ambientes de sonho e pesadelo.
– Em seus últimos livros, você expõe o belo e o sujo do Centro. Como esses universos paralelos o inspiram?
– Não há como separar, numa cidade grande, aquilo que é belo daquilo que é sujo. Se isso fosse possível, a cidade se apequenaria, ou mesmo deixaria de existir, rebaixada à condição de projeto, uma ideia ruim condenada à prancheta. Por isso, não se trata de ser inspirado ou não por essa simbiose, é questão de simplesmente abraçá-la.
– Suas filhas nasceram e estão crescendo no Centro. Você acha que é um bom lugar para se viver com a família?
– Claro, desde que se tenha condições de viver dignamente. O curitibano que desconsidera ou desconhece o Centro só poderá ter uma ideia incompleta ou equivocada do lugar onde mora. O Centro é onde a cidade cartorial, provinciana, que ainda teimamos ser, se vê obrigada a finalmente assumir uma vocação cosmopolita, recebendo tanto o pessoal das periferias quanto os recém-chegados. Crescer no Centro é receber todos os dias, gratuitamente, uma educação para o desarme e o acolhimento.




