O Centro de Curitiba

Ney Souza, o grande estilista dos Carnavais

O estilista e carnavalesco Ney Souza é uma figura gigante – não só pelo alto dos seus 1,90m, mas especialmente por toda sua fabulosa trajetória no Carnaval brasileiro: entre as décadas de 1960 e 80, foi um dos protagonistas dos bailes e concursos de fantasias que eram a grande atração da folia, principalmente no Rio. Nos salões do Teatro Municipal, do Hotel Glória, do clube Sírio Libanês e em outros bailes, rivalizou com Evandro de Castro Lima como o maior criador de fantasias do país, ao lado do “hors concours” Clóvis Bornay. “Evandro era meu ‘inimigo íntimo’. E perdi o primeiro lugar para ele algumas vezes por conta de politicagem”, conta (🎥7).

Aos 84 anos, Ney esbanja saúde e está animado para atravessar a Marechal Deodoro no carro alegórico da Mocidade Azul, que este ano homenageará a história do carnaval curitibano com o tema “Da Vila Tassi à Fazendinha”. A ele se unirão alguns dos remanescentes dos velhos carnavais, como Mãe Orminda e Carlos Fernando Mazza – o Mazzinha. Ney já foi enredo em quatro desfiles: Curitiba, Foz, Antonina e Paranaguá.

Ele mora no Centro desde os 5 anos, quando veio de Prudentópolis a bordo do caminhão que trouxe o corpo do pai morto – seus irmãos já viviam na capital, na região da Praça Santos Andrade. Aqui ficou, e hoje vive no 26º andar do edifício Rui Barbosa, com uma das melhores vistas do pedaço (📷2), onde nos recebeu junto com o amigo Mazzinha. “Aqui me criei e daqui não saio”, diz.

O espaçoso duplex já foi seu atelier – tanto para as fantasias quanto para os trajes de gala que criava para a high society curitibana ir a bailes e casamentos. “Tinha menina que os pais pediam um vestido diferente para cada baile de debutante. Só mandavam fazer e pronto. Depois, começaram a perguntar preço e pedir desconto. E quando vieram pedir para reformar vestidos, pensei: é o fim da alta costura”.

Hoje, o apê é apenas residência: todo o seu acervo, com mais de 60 trajes completos e centenas de acessórios, foi doado para o Museu da Moda, que ele ajudou a criar na Lapa, terra de seus pais. Num pequeno canto, porém, ainda reina a máquina de costura, usada para criar suas próprias roupas (🎥9).

 


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